TPP - tensão pré prova. Como lidar?

Você chega no local da prova, encontra conhecidos, e aquele negócio: e aí, nervoso? e a pessoa diz: não, estou tranqüilo, só vou fazer como treino hoje. Mentcheeeeeeraaaaaa!! Não adianta. Treino é treino, prova é prova. Tem um elemento químico que as diferencia totalmente: a adrenalina. Treino difícil gera ansiedade, sim, mas não adrenalina. Botou o número no peito, não é mais treino. Ir até o local da largada já vai dando o frio na barriga, facilmente transformável em barulhos seguidos de dor de barriga.Corredor tem dor de barriga, é fato. 
E não tem absolutamente nada a ver com o que se comeu no dia anterior, porque foi, provavelmente, o de sempre. 
E o nervosismo também não tem a ver com falta de treino. Às vezes, pelo contrário, o treino certinho é que dá a ansiedade de fazer uma boa prova, que corresponda a ele. 
O pré prova tem o descanso, a alimentação, a hidratação, a preparação mental. 
Como boa virginiana, tenho meus rituais pré prova que preciso seguir, mas que naturalmente são alterados de tempos em tempos. A alimentação é algo bem importante, e a hidratação também. Fica tudo armazenado na mente. Se eu não bebo bastante água na véspera de uma prova um pouco mais longa, já acordo me achando a desidratada, e tudo o que acontecer terá sido culpa da falta de água no dia anterior.
Quando eu ainda comia trigo, tinha a massa da noite anterior, que, sinceramente, nunca me pareceu tão maravilhosa assim, a não ser pela segurança de ser algo que eu já estava acostumada e a falta de ideia melhor. Fora que ninguém precisa de meio quilo de macarrão na véspera de correr 10km. Mas também tem o fato de poder se reunir com amigos para essa refeição pré prova, que é bem legal. 
Tem a bebida alcoólica. Há quem não beba nada nem na semana da prova. Isso não me pertence, porque faço muita prova, em média duas por mês. E não fico essas duas semanas sem minha tacinha de vinho. Já fiquei o mês anterior à prova sem beber vinho. Foi para a meia maratona de NY. Sinceramente, não percebi a diferença que esperava. Então eu bebo menos, especialmente em caso de prova mais longa, inclusive pelos treinos, mas uma tacinha de vinho na véspera já faz parte da minha vida. 
O café da manhã é realmente o dilema. Já testei muitos alimentos, nem todos bem sucedidos. A questão é que quando algo dá certo, a gente quer comer sempre aquilo. Portanto, tem que ser não algo fácil, mas viável. Digo isso porque é ruim você descobrir que o melhor café da manhã pré prova é composto de crepioca, se você faz várias provas em outros locais, onde não tem como garantir tal alimento. Fácil mesmo é comer pão, essa é a verdade. Ou como diz a Rita, "como duas bananas e posso correr uma maratona".  Mas eu não sou do fácil, não é mesmo?
Quando eu comia pão, logo descobri que os integrais para café pré prova não eram boa ideia. O melhor era o pão de milho, aquele seven boys. Com algo salgado por cima, nunca doce, para não roubar a energia antes da prova. Banana me dá um mal estar tremendo, só posso comer depois de correr, nunca antes.
Depois que deixei o pão, e realmente ele não me faz falta, fui fazendo testes. Os possíveis, ou seja, aqueles que depois eu possa manter.
Deixa esclarecer o seguinte: eu me habituei, já desde ano passado, a comer pouco antes de treinar, seja corrida, natação, musculação...me sentia super pesada, e meu corpo ficava ali se ocupando da digestão em vez de me dar energia. Isso porque eu não acordo às 5h30min para tomar café uma hora e meia antes de treinar. Passei a fazer algumas experiências, devidamente monitoradas pela nutricionista, e até 6km eu vou só com meu café com óleo de coco, e dá bem certo. Isso também para uma musculação tranquila e especialmente para a natação. Comer antes de nadar é a treva.
Mas para sair para 8km já é diferente. Sou lowcarb, então vou de ovos ou algo com oleaginosa, pão lowcarb... Paçoca é maravilhoso para mim. 
E para acima de 10km, ou treinos de tiros, vou de carbos do bem. Claro que tudo isso vale mais para treino, porque para prova, inclusive de 5km, como  vou precisar de energia para explosão, mesmo adaptada ao estilo lowcarb, o que me dá a velocidade necessária é um carbo bom. 
Engraçado que há alegria em comer no pré treino. Só que no dia da prova, comer dois pães de queijo já me embrulha o estômago. E tenho que comer 3 para não ter fome. Porque aí sim levanto bem mais cedo para comer e não passar mal.  
Ah, mas é a intolerância à lactose? Descobri que até 3 pães de queijo meu corpo não se importa nos km seguintes.E isso é ótimo, porque é fácil achar pão de queijo em qualquer cidade em que eu for correr no Brasil, em geral. Ainda assim, quando a largada é cedo, como aconteceu nas 10 milhas de São Paulo, para garantir eu levei para o hotel um pão de queijo grande na noite anterior. Pensa num troço ruim no dia seguinte? Nem consegui terminar. E tive fome durante a prova. Sim, fome. Devia ter levado uma paçoca. 
Também funciona meu salgado de maromba, com batata doce e frango, ou uma coxinha de batata doce com frango. Levei para Nova Veneza e me salvou. Corredor é marmiteiro, não adianta. Inclusive porque as provas são em horário incompatível com os cafés da manhã de hoteis, salvo os hoteis oficiais, que não existem para qualquer prova. 
Fora a parte da comida, tem a roupa. Eu preciso visualizar tudo o que vou usar na noite anterior. Preciso de uma superfície onde colocarei o que pretendo usar. Ou seja, pelo menos dois de cada item, para decidir quando acordar. Dois tops, dois shorts, o manguito, vai que está frio, a manga longa para sair de casa, a meia, a outra meia, a de compressão, e assim vai...tenho que olhar bem. Ainda assim já esqueci garrafinha de água dentro do congelador na hora de sair. 
Tem prova que o kit já tem o chip, então coloco à noite. Em outras, ainda tem que buscar o chip cedo.
A gente organiza para ir  com viseira, e acorda com chuva. Reprogramar é importante, prefiro boné quando chove. O básico do check list é o tenis certo, número e chip. O resto se ajeita. 
E o sono? Ah, o sono. A gente tem tanta preguiça de levantar de um sono gostoso em dia de treino. Mas no dia da prova nem dorme. Bom, eu durmo super mal, em geral. Mesmo que não seja uma prova alvo. Tenho um sonho recorrente: erro o caminho. Na real, isso já aconteceu. Duas vezes. Na primeira, eu vi a chegada, mirei e fui, mas tinha um contorninho para fazer. Nada grave, só perdi uns segundos finais. Fiquei com aquela cara de bicho furioso. Na segunda, fui induzida por outros corredores que faziam em dupla, e ninguém da organização orientava. Mas também não foi super grave. Conheço gente que em prova de aventura foi parar em locais bem diferentes do que era o previsto. Mas o sonho me persegue.
Em Floripa, é comum eu sonhar que escuto a buzina da largada e ainda estou na cama. Isso porque geralmente fico na casa da minha mãe, que é bem perto da maioria das largadas.
Faz falta dormir bem? Faz. Eu acordo várias vezes, olho no relógio, é bem ruim. Invejo quem não passa por isso.
Tem que acordar cedo o suficiente para ir ao banheiro e se garantir antes de sair. Mas se dormir muito tarde, eu não tenho vontade de numero 2, e tem que ter. É fundamental. Em algum momento vai dar a vontade, não adianta. E se for no local, só sobra o banheiro eca químico, no qual você não se senta. Agachamento isométrico. Sem mais...
Mas, na Volta à Ilha, geralmente durmo tarde porque tem muita coisa para preparar, acordo mega cedo, e tenho muita energia, porque a adrenalina, aquela que te deixa pilhada, está lá para cumprir esse papel também, de te mover para a frente, com disposição. E é impressionante como podemos superar isso tudo e pensar que no final tudo acaba bem, e tem alguma coisa muito legal te esperando. Junto com a endorfina.
E prova à tarde ou à noite? Muda o dia todo!! Essa me dá tilt total, porque tem almoço, dependendo da prova (como Beto Carrero), um lanche antes. Nessas, na verdade, eu passo o dia tensa, mas o restante da preparação é o mesmo, e o que penso é que tudo  beleza, porque tem o vinho (ou a cerveja para quem curte) depois da prova noturna, que geralmente é em sábado, e aí o finde está só começando! 
Quem mais fica com tpp? me conta os sintomas!













Comentários

  1. Adorei o post. Me identifiquei com ele do começo ao fim. Até hoje só corri duas provas, mas não consegui dormir na véspera de nenhuma delas, é muita ansiedade. Descobri que corrida vespertina não é pra mim, eu fico muito mal correndo depois do almoço. E eu também deixo todo o kit com roupas, calçado, chip, número de peito, viseira, relógio etc. montadinho em cima de uma cama na noite anterior (os tênis não em cima da cama, por razões óbvias, ehehe). E volto pra conferi-lo umas cinco vezes. Mas já deixo a roupa definida antes, não decido no dia não. Coloco tudo o que possa querer levar junto. Na manhã, antes de sair, posso decidir deixar alguma coisa em casa; mas shorts e camisetas já são decididos antes. :)
    Beijo.

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  2. que bom!! E você vai ver que isso não muda, não importa quantas provas a gente faça...bjos

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  3. Ótimo post!Estava pensando nestes dias sobre alimentação correta para o pré treino e o pré prova,já testei várias opções,mas ainda não encontrei e lá se vão alguns anos,chegando a conclusão que a nutricionista pode orientar melhor que os meus "achismos".Parabéns pelo blog e bons treinos!!
    http://corrersemprecorrer.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada, Jorge! E se te disser que hoje tentei de novo a banana, um bolinho, e deu super errado? kkkk. Voltando ao pão de queijo em 3, 2, 1...

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  4. Correr modifica em tudo a nossa vida, parabéns pelo blog, muito bom!!!

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  5. Me identifiquei 100% ... quem não fica nervoso, hein?? kkk ai no dia da prova penso "nossa, q ideia a minha me inscrever para essa prova, acordar, ou melhor, madrugar" kkkk mas depois de cruzar a linha de chegada, a melhor sensação de todas... seremos eternos corredores...

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    1. O mais incrível é a memória (péssima) do corredor, passando a linha de chegada já pensando na próxima!

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