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Histórias não relacionadas à corrida: Dias de Sol

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  Mês passado eu assisti, no salão pleno do Tribunal Superior do Trabalho, como parte das atividades do Seminário de Trabalho Decente,   ao filme Pureza. Brasileiro, de Renato Baratieri, tem como tema de fundo a escravidão na área rural. É uma história real, tão real que alguns atores são trabalhadores libertos. Libertos porque não há outra palavra para descrever ao que eram submetidos até então: escravidão. Nada moderna ou contemporânea. A história da Pureza e do seu filho Abel não se passa no início do século 20. É do início do século 21, quando, segundo Domenico de Masi, estaríamos usufruindo do nosso ócio criativo, deixando as máquinas realizarem o trabalho pesado e enfadonho, e nós nos dedicaríamos às artes, às conversas, à natureza, tendo, naturalmente renda distribuída adequadamente. Não vou dar muito spoiler porque recomendo fortemente que todo mundo assista ao filme. Tem que ver. Tem que ver e sentir,   sofrer,   lamentar,   se revoltar, e não entender como ainda estamos n

Ficar velha x envelhecer - nós e Madonna

  Então é isso, a Madonna está diferente. Sim, ela também. Todo mundo mudou nos últimos   trinta, vinte anos da sua vida. A não ser minha madrinha, que continua exatamente igual (impressionante). O negócio é que as mulheres (porque sim, estamos mesmo é falando de mulheres) mudam pela ação do tempo, algumas, naturalmente (ou nem tanto, porque privação do sono e subnutrição antecipam tudo, assim como o fumo), e outras mudam pela ação da tecnologia. Mas já vimos que é impossível, pelo menos até agora, que você, mulher, com 60 anos, continue se parecendo com você de 30 anos, aquela você cheia de colágeno, alvo de suas próprias críticas quando se via no espelho e nas fotos. O que é possível é você parecer ter um pouco menos de 60 anos, parecendo ser você mesma, o que estão chamando de “envelhecer bem” (por enquanto), ou parecer outra pessoa, com uma idade um pouco indefinida, mas com certeza bem menos de sessenta anos, retirando aquilo que torna alguém uma pessoa de 60 anos: rugas nos olh

Desculpa qualquer coisa

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  Voltei a treinar musculação em uma academia, paga, com outros humanos. Desde 2020 eu estava treinando na academia do prédio, que eu estava considerando suficiente para as circunstâncias, considerando que eu tenho uma consultoria de treino específico, com planilha todos os meses, que tem a opção "treino em casa". Mas não, não é a mesma coisa do que treinar em academia, por mais que eu tenha tentado me enganar nesse tempo - embora em 2020 e 2021 tenha sido uma decisão não frequentar espaços públicos que fossem por mera conveniência e não necessidade. E eu gosto de fazer musculação, sou daquelas estranhas que nunca enjoou, em mais de 25 anos puxando ferro. Gosto de fazer força, gosto dos equipamentos, e sei da importância de um treino de força real e bem feito para a minha autonomia, longevidade, saúde, disposição, e sim, estética. Nada em mim é de graça. Quando eu engordo é minha responsabilidade, quando eu emagreço, quando eu fico mais ou menos forte, também. Tenho alguma fa

Uma única coisa?

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  No livro que escrevi sobre transição de carreira ("Mas para você é fácil: as dores e delícias de decidir mudar tendo 'a carreira perfeita'"), eu menciono uma obra chamada A Única Coisa, que trata, como podem imaginar, de se manter firme no foco daquilo que você se propôs a fazer. A ideia é não se distrair com outras atividades que te tirem do caminho rumo àquele objetivo, ou seja, que todas as suas escolhas sejam sempre pensando naquela meta final, para que aquela seja bem sucedida.  E embora eu tenha entendido a mensagem, fiquei incomodada com aquilo de "uma" única coisa, e abordei isso no meu livro no aspecto profissional, em resumo com o seguinte: eu gosto de plano B. Como boa virginiana, gosto de controle, e ter na minha mente um plano B caso o plano A não funcione, me dá mais leveza inclusive para ir atrás do plano A, e é por isso que divirjo da conclusão de que se você tiver um plano B, não dará a devida importância ao A, porque tem para onde ir. Pri

Treinos em viagens

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Eu sei, tem gente que acha "nada a ver" treinar, fazer qualquer exercício programado, quando está viajando, especialmente para fora, naturalmente em uma viagem que não tem nada a ver com corrida (várias minhas já tiveram). "Credo, off é de tudo".  Eu, francamente, com mais de 45 anos de idade, não posso me dar ao luxo de pensar nessa hipótese. Diferente dos 30, depois dos 40, um mês sem treino pode botar a perder vários meses de esforço. Porque é assim, injusto mesmo: você cumpre o proposto, pega peso, faz o fortalecimento, se esforça, por muito tempo, para ter o resultado (próximo ao) que você deseja. Depois, esforço para manter conquista. E eis que, fica off uns dias, e depois parece que tudo foi em vão. Não foi. Quase foi. E dá trabalho a retomada. Então, eu tenho mais preguiça da retomada difícil do que de fazer enquanto eu estou viajando. Mas sou eu. Se você não tem a minha idade, nem essa situação, volta facinho para o ponto de onde parou, eu te invejo, não se

Do que você está sentindo falta?

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Aviso para quem chegou. Vamos falar de corrida, baixo nível de profundidade.  Sinto falta de um número de peito. Sinto, sim. Não só pelo momento, mas pelo que o antecede.  Gosto de provas de corrida. Gostei desde a primeira, e, hoje, sinto uma pontinha de inveja de quem não faz a menor questão de participar de provas, que corre para si e toda aquela evolução espiritual que não tenho.  Por outro lado, como eu gosto de fazer vários tipos de prova, o cancelamento de uma prova alvo não acaba comigo porque tenho mais facilidade em recalcular. Tem gente que passa a temporada se preparando para "a prova", e se ela estava marcada para o primeiro semestre de 2020, sorry, mas não vai acontecer. E se os treinos eram sofrimento só tendo como foco a prova, fica pior. Por isso gostar da jornada do ciclo é tão importante, e correr pela saúde nunca é "só". Para a segunda maratona eu acabei ficando fora de várias outras provas para não perder o foco, e não gostei, porque

Porque compartilhar é preciso

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Olha, pessoal, nós, de humanas, gostamos de falar, mas algumas coisas eu preciso escrever. Não quero chatear ninguém contando histórias pessoalmente ou em vídeos do instagram. Assim, quem quiser, lê, vai que aproveita alguma coisa.  Fiz a segunda maratona. E eu quero compartilhar a nova experiência. Ué, já não correu a maratona? não é nova. É, sim. Não imaginam como é diferente. Agora entendo.  Quem leu meus posts de treinamento para a maratona de Buenos Aires e o relato final sabe que eu fui seguindo o plano, ou seja, tem uma periodização de treinamento, que é o treinador que define a partir de muitas variáveis. Há treinos de todo tipo, mas especialmente os chamados longos.  Naquele momento, o negócio é descobrir que você pode correr uma distância maior do que já fez na vida. E você consegue. Poxa, mas eu não corro nem 5km ainda, e você fez 42?!! Não, eu fiz 42.195, e eu comecei correndo dez minutos, o que não dava nem 2km. Ninguém começa correndo isso tudo, tirando Forrest Gum