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Por que eu (ainda) adoro correr meia maratona

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Quero começar dizendo que distância não define se alguém é corredor. Nem velocidade, Raquel Castanharo tem razão. Já falei sobre isso muitas vezes, mas como são pessoas diferentes que leem, digo de novo: 5km, 10km, 15km, 21km, 42km, 56km, cada distância tem sua alegria e seu sofrimento. E sair para correr 5km é muito mais do que faz a maioria das pessoas do mundo, aquelas que estão no sofá. Mas faz tempo que eu descobri que a meia maratona, ou seja, os 21.097km, é a minha prova favorita. Não pretendo tentar catequizar ninguém (ok, talvez impressionar), mas mostrar por que para mim funciona. Tem uma frase que ouvi na expo da maratona e meia de Amsterdam, quando eu disse que ia fazer a meia, e não a maratona: o dobro da alegria, metade do sofrimento. Para mim foi lindo.  Primeiro porque eu não acho que precise correr maratona para provar que sou uma corredora "de verdade" e "respeitável". E isso eu aprendi com meus treinadores ao longo dos anos, vendo gente incrível c...

Corri a Meia Maratona de Lisboa!

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  Passado um mês da prova, me sinto mais pronta para falar sobre ela, razão da minha viagem solo em março. Sim, quando o objetivo principal da viagem é uma corrida, eu gosto de ir sozinha, porque eu acho que fico muito chata nos dias que antecedem a prova. Sou cheia de rituais, e ninguém que não vai fazer a mesma coisa que eu precisa aturar isso. E de toda forma gosto de viajar sozinha, e já começo contando isso porque muita gente me pergunta com quem eu fui. Enfim. A inscrição foi feita meses antes, num "ooops, me inscrevi". A meia de Lisboa agora é uma super half. Assim como existem as maratonas chamadas "majors", que, quando concluídas, dão direito a uma mandala, agora criaram as super halfs, mesma pegada, para meia maratona. Adorei a ideia, porque ando bem sem paciência e tempo para treinar para uma maratona. A verdade é que adoro uma meia maratona. A gente treina para ela tendo vida, não fica exausta no processo, e depois da prova segue para qualquer festa, jur...

Histórias não relacionadas à corrida: Dias de Sol

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  Mês passado eu assisti, no salão pleno do Tribunal Superior do Trabalho, como parte das atividades do Seminário de Trabalho Decente,   ao filme Pureza. Brasileiro, de Renato Baratieri, tem como tema de fundo a escravidão na área rural. É uma história real, tão real que alguns atores são trabalhadores libertos. Libertos porque não há outra palavra para descrever ao que eram submetidos até então: escravidão. Nada moderna ou contemporânea. A história da Pureza e do seu filho Abel não se passa no início do século 20. É do início do século 21, quando, segundo Domenico de Masi, estaríamos usufruindo do nosso ócio criativo, deixando as máquinas realizarem o trabalho pesado e enfadonho, e nós nos dedicaríamos às artes, às conversas, à natureza, tendo, naturalmente renda distribuída adequadamente. Não vou dar muito spoiler porque recomendo fortemente que todo mundo assista ao filme. Tem que ver. Tem que ver e sentir,   sofrer,   lamentar,   se revoltar, e não enten...

Ficar velha x envelhecer - nós e Madonna

  Então é isso, a Madonna está diferente. Sim, ela também. Todo mundo mudou nos últimos   trinta, vinte anos da sua vida. A não ser minha madrinha, que continua exatamente igual (impressionante). O negócio é que as mulheres (porque sim, estamos mesmo é falando de mulheres) mudam pela ação do tempo, algumas, naturalmente (ou nem tanto, porque privação do sono e subnutrição antecipam tudo, assim como o fumo), e outras mudam pela ação da tecnologia. Mas já vimos que é impossível, pelo menos até agora, que você, mulher, com 60 anos, continue se parecendo com você de 30 anos, aquela você cheia de colágeno, alvo de suas próprias críticas quando se via no espelho e nas fotos. O que é possível é você parecer ter um pouco menos de 60 anos, parecendo ser você mesma, o que estão chamando de “envelhecer bem” (por enquanto), ou parecer outra pessoa, com uma idade um pouco indefinida, mas com certeza bem menos de sessenta anos, retirando aquilo que torna alguém uma pessoa de 60 anos: ruga...

Desculpa qualquer coisa

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  Voltei a treinar musculação em uma academia, paga, com outros humanos. Desde 2020 eu estava treinando na academia do prédio, que eu estava considerando suficiente para as circunstâncias, considerando que eu tenho uma consultoria de treino específico, com planilha todos os meses, que tem a opção "treino em casa". Mas não, não é a mesma coisa do que treinar em academia, por mais que eu tenha tentado me enganar nesse tempo - embora em 2020 e 2021 tenha sido uma decisão não frequentar espaços públicos que fossem por mera conveniência e não necessidade. E eu gosto de fazer musculação, sou daquelas estranhas que nunca enjoou, em mais de 25 anos puxando ferro. Gosto de fazer força, gosto dos equipamentos, e sei da importância de um treino de força real e bem feito para a minha autonomia, longevidade, saúde, disposição, e sim, estética. Nada em mim é de graça. Quando eu engordo é minha responsabilidade, quando eu emagreço, quando eu fico mais ou menos forte, também. Tenho alguma fa...

Uma única coisa?

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  No livro que escrevi sobre transição de carreira ("Mas para você é fácil: as dores e delícias de decidir mudar tendo 'a carreira perfeita'"), eu menciono uma obra chamada A Única Coisa, que trata, como podem imaginar, de se manter firme no foco daquilo que você se propôs a fazer. A ideia é não se distrair com outras atividades que te tirem do caminho rumo àquele objetivo, ou seja, que todas as suas escolhas sejam sempre pensando naquela meta final, para que aquela seja bem sucedida.  E embora eu tenha entendido a mensagem, fiquei incomodada com aquilo de "uma" única coisa, e abordei isso no meu livro no aspecto profissional, em resumo com o seguinte: eu gosto de plano B. Como boa virginiana, gosto de controle, e ter na minha mente um plano B caso o plano A não funcione, me dá mais leveza inclusive para ir atrás do plano A, e é por isso que divirjo da conclusão de que se você tiver um plano B, não dará a devida importância ao A, porque tem para onde ir. Pri...

Treinos em viagens

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Eu sei, tem gente que acha "nada a ver" treinar, fazer qualquer exercício programado, quando está viajando, especialmente para fora, naturalmente em uma viagem que não tem nada a ver com corrida (várias minhas já tiveram). "Credo, off é de tudo".  Eu, francamente, com mais de 45 anos de idade, não posso me dar ao luxo de pensar nessa hipótese. Diferente dos 30, depois dos 40, um mês sem treino pode botar a perder vários meses de esforço. Porque é assim, injusto mesmo: você cumpre o proposto, pega peso, faz o fortalecimento, se esforça, por muito tempo, para ter o resultado (próximo ao) que você deseja. Depois, esforço para manter conquista. E eis que, fica off uns dias, e depois parece que tudo foi em vão. Não foi. Quase foi. E dá trabalho a retomada. Então, eu tenho mais preguiça da retomada difícil do que de fazer enquanto eu estou viajando. Mas sou eu. Se você não tem a minha idade, nem essa situação, volta facinho para o ponto de onde parou, eu te invejo, não se...