A vida não é só corrida...é também natação!

Eu faço natação desde pequena. Acho que comecei quando meu irmão teve uma crise de bronquite e lá fomos os dois. Mas pode ser que meus pais tenham me colocado só para aprender a nadar, o que também é super válido, para não ser daquelas que não pode ir na casa da amiga que tem piscina funda, nem na praia, porque não sabe nadar...papelão. No meu caso, sendo criada em Floripa, e indo para o Rio com freqüência, fazia mais sentido ainda não morrer afogada.
Nadei até uns dezoito anos, mas nunca fui de competir, morria de vergonha (sim, sim). Aliás, tinha vergonha já de usar o maiô, touca, e fazer o aquecimento em volta da piscina. Inclusive, só de lembrar tenho vergonha de novo, eu cresci rápido, o maiô ficava esticado no meu corpo, era péssimo.
Na época, meus ombros e costas ficaram, digamos, bem desenvolvidos. Não era lindo, eu já era magrela (de verdade), e aquele ombrão, sei lá, meio estranho, e acabei parando, e fiquei muitos anos sem nadar, quero dizer, sem treinar natação.
Quando fui morar em Brasília, aquele calor seco (que deixa o cabelo e a pele lindos, de verdade, ai que saudade) me deu muita vontade de voltar a nadar, e aí não parei mais.
Gosto de nadar no verão para refrescar, e no inverno para dar uma animada, e adoro a agua quentinha para nadar em um dia bem frio. Não às seis horas da manhã como meu amigo Oscar, porque acho que nada deveria começar nesse horário, no máximo terminar...A natação é meu momento de relaxamento total. Fico em estado alfa, quase chapada, depois dos 45 minutos mágicos. Dá fome. Muita fome, mas de comida mesmo, pratão. Por isso prefiro fazer à noite, para não ter tempo de comer muito depois, já que quero mais é dormir...
E não é moleza a aula, o Alexandre, professor que adoro, sempre alto astral, passa os exercícios corretivos, que eu gosto muito de fazer também, porque melhoram a técnica  e tiram a monotonia da aula.
Mas devo dizer que, diferentemente da corrida, não tenho ambições na natação. Minha relação com a água é diferente, e é silencioso, é tããão bom...
Só que esse povo do triatlo adora fazer travessia, e um colega de trabalho também participa sempre, mais o Alexandre incentivando,  desde o ano passado estou ensaiando para fazer uma.
Mas tinha que ser "a" travessia, ou seja, perfeita, para meus padrões: calor, dia de sol, agua não gelada, limpinha...
Além disso, o fato de não querer competir não significa me permitir fazer fiasco, do tipo chamar o socorro durante a prova e ser resgatada em uma prova pequena. Então eu queria dar umas braçadas no mar para ficar mais familiarizada.
No final do ano o mar da praia da Daniela em Floripa estava perfeito para treinar, de maneira que nadei muitos dias, como já falei no outro post. Lá eu me sinto segura, conheço a praia, e a correnteza não é forte.
E com toda essa experiência (ahã), me inscrevi na Travessia da Sepultura, e ainda convenci a Simone a ir comigo. Amiga-irmã é para isso.
Claro que já me inscrevi nos 1500m porque achei que 800m era pouco, ia dar tão pouco tempo que não ia valer como exercício físico do dia. Me inscrevi não, eu e a Simone demoramos para decidir e tivemos que pedir ajuda, e a querida da Jake fez a inscrição E pegou os kits. Obrigadíssima!
O kit tem camiseta (ai, feia, sorry) e uma touca, achei legal. Não usei porque tenho apego à minha de bolinhas, mas era normal, e fazia alusão à prova. Até acho que não precisa camiseta, porque não é um acessório que se utiliza para nadar, certo? Fica a dica: uma touca e um isotônico são perfeitos. 
Confesso que foi um certo empenho: a largada era nove e meia da manhã, o que faz a gente pensar: uau, bem mais legal do que a corrida. Sim, mas eu estava em Floripa, então acordei as seis horas da manhã, para poder comer,  busquei a Simone, e fomos para Bombinhas, tendo que chegar antes de a fila para Porto Belo começar a bombar (ops).
O dia foi perfeito: sol, calor na medida, e a água estava muito boa, só que com micro pedaços de água viva, que não queimavam, mas davam uma pinicada, e eram muuuuitos, parecia que tinha gelatina na água, tenho certeza de que engoli alguns quando engoli água (sem piadas, Everton).
Gente, quando chegamos lá, vi que é outro mundo, nada a ver com a corrida. Primeiro porque as pessoas estão com pouca roupa, não tem ipods, tenis coloridos, mil apetrechos, hidratação...é maiô, touca, óculos, e, no meu caso, protetor de ouvido. Alguns têm garmin, mas é luxo. Em suma, impossível ficar sequer bonitinha na situação, sem querer ofender ninguém. E o mais legal e que todo mundo está assim! Adorei, super democrático, porque eu me sentia exatamente como quando tinha 12 anos: ridícula de maio, touca, oculos. Tá bom, tinha a Simone de sunkini, bem mais bonitinho, e meninas de macaquinho do triathlon, que não, não é bonitinho. Mas em geral, todas semelhantes.
Os meninos ja ficam melhores, porque estão de sunga, embora nem todo homem possa usar sunga na vida. Claro, os que nunca tomam sol de sunga ficam mais, digamos, coloridos...não citarei nomes.
Felizmente encontramos o Everton e os outros meninos triatletas de Blumenau, que já têm a manha das travessias, nos guiaram até a praia da Sepultura e deram as explicações, tipo mirar a primeira boia amarela, depois a seguinte, depois a branca, e aí é só contornar a branca e nadar em direção à areia. Fazer xixi no mar antes de começar. Nadar olhando para frente de vez em quando para não perder o ponto de referência, coisas assim.
Check-list: xixi, boia amarela, outra amarela, branca, contorna, areia, olha para frente. Beleza.
Largada dos homens primeiro, bem civilizado, para não apanharmos.
O momento da largada é super animado, o povo batendo na água, astral bem bom mesmo.
Pessoas de tipos físicos muito diversos: altíssimos, baixinhos, gente fortinha, gente passando do ponto de fortinha, gordinhos e gordinhas, muitos adolescentes com aquele ombrão que eu não quis ter...Como gosto de dizer, "tinha de um tudo".
Chegou nossa vez. Eu fui para me divertir, nem pensei em competição. Sim, mas isso era eu, porque as outras estavam, obviamente, competindo! Tomei cada tapaço, cotovelaço, etc!! Outro mundo mesmo, nunca apanhei correndo! elas me fechavam, impressionante. Realmente, raia é um negocio de civilização avançada.
Tinha correnteza, mas achei que era frescura minha de iniciante, então fui em frente, embora meio carregada para o lado. A boia amarela é o negocio, mirava e ia, respiração unilateral para não perder a referência, para o lado que não vinha agua no rosto.
Fui devagar, sentindo bem as sensações das braçadas na água, da pernada, respiração ritmada, do jeito que eu gosto de nadar. Nadando peito para relaxar de vez em quando e olhar melhor para frente...bom demais.
Passou a boia branca,  agora é só ir para a praia. Que não chegava nunca...coisa longe. E tinha que dar uma olhada, nadando peito, para encontrar o local da chegada, porque lá passava pelo leitor do chip, e eu, que não enxergo bem, demorei para achar aquilo, e perdia de vez em quando, isso me me fez nadar mais devagar, mais atrapalhada, e ser ultrapassada por praticamente todas as pessoas, hahaha.
Mas cheguei, e aí quando a gente fica em pé dá uma tontura,  passa no corredor, depois tem que tirar o chip do tornozelo (sim, é um troço legal, com velcro, que prende na perna), mas tem gente fotografando, então tem que tirar logo os oculos e a touca para não ficar triste depois vendo a foto com cara de maluca. Claro que a marca dos óculos te acompanha o dia todo...mas até que a foto que a Camila, noiva do  Sukita tirou, prestou.
Fiz em enormes 40 minutos os 1500m. Mas, na verdade, não tenho parâmetros de comparação, porque na praia eu não tenho como medir o quanto nado, e todos disseram que não da para comparar com tempo de piscina, que ja fiz 33', mas o normal é 35'.
Adorei fazer a travessia, certamente vou querer fazer outras. Minha primeira medalha de participação em natação, que gostoso. Aprendi algumas coisas, ja vou ficar mais esperta, e, mesmo não competindo com as outras, quero baixar o tempo. Só quero ver se vou ficar tão animada se na próxima estiver chovendo, ventinho, etc. Mas penso nisso quando chegar lá.






Comentários

  1. Legal Andrea, muito bom o relato. Dá vontade de conhecer esse mundo da natação. A largada deve ser uma pancadaria mesmo. Parabéns pela sua primeira prova de natação, foi um desafio.
    Muitas braçadas e boas corridas.
    Abraços.

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