Estreia no Triathlon

Então foi isso, fiz minha primeira prova de triathlon!!! Isso não me torna triatleta, mas...dei muitos pulinhos!
A sensação é muito diferente do final de uma prova de corrida. E a pessoa descobre muitas coisas sobre si, inclusive músculos até então desconhecidos...
Uma coisa que confirmei é que sou uma corredora que nada e consegue pedalar. Descoberta dolorosa. 
Mas vamos começar pelo começo.
Estou treinando há alguns meses, sendo que a bike daquele meu jeito alternativo, e os treinos de corrida ficaram alterados. A natação é que não muda, porque não tem opção.
Fiz a inscrição para modalidade mountain bike, porque não estava segura na speed, e meu objetivo, quando me propus a fazer a prova (muito antes da inscrição, portanto), era terminar, e me sentindo bem.
O kit já é divertido, touca, garrafinha, camiseta, e cheio de numeros, para a bike, capacete, peito, e tatuagens removiveis para os braços, em vez de desenhar os números, como já vi muitas vezes.
Embora estivesse treinando e minha dieta também tenha se alterado por conta da prova, confesso que semana passada bateu um desespero. Estava trabalhando em Floripa, a semana toda com colegas em um hotel, sem meus amores por perto, treinando de forma bem mais, digamos, natural e improvisada.
A corrida: solta na rua, forte na praia, e vice-versa, no horário em que era possível, a distância que desse tempo. 
Natação no mar da Praia dos Ingleses, experiência altamente mal sucedida, correnteza, rebentação violenta, solidão, horrível; natação na praia da Daniela, meu mar do verão de toda uma vida, beeem melhor, água gelada, só eu na praia (não é força de expressão). Meu principal objetivo era usar a roupa de borracha para ver como me sentia, se me acostumava, e para isso foi bom. Foi bom para ver que tenho muito para aprender.
Levei muito tempo para colocar a roupa, eu suava no final, ofegante, e rindo da minha pessoa. Para tirar, nem de longe foi a velocidade necessária para uma transição real. E me deu certa aflição, uma angústia, aquilo me apertando, prendendo os movimentos. Acho que é questão de hábito, não vou desistir.
E a bike? Então. Não pedalei.
A dieta foi posta  à prova, e me saí bem, não cedi às inúmeras tentações dos inúmeros coffe break do evento que eu estava. Mas foi bem solitário, e comecei a me questionar se estava pronta, pensei em desistir, mas perguntei para o Everton, e ele disse que eu conseguiria. E se ele diz, eu acredito. Ele me treina e me acompanha e, sinceramente, às vezes sabe melhor do que eu se estou ou não preparada.
Sábado de manhã consegui pedalar, inclusive como meio de transporte, e assim fui eu para Balneário Camboriú, fazer um sprint ou short triathlon, no qual são 750m de natação, 20km de bike e 5km de corrida. Engraçado que falando separadamente é tudo pouquinho...vai fazer em seguida!
Ah, sim, nesse caso, a bike tinha o famoso e temido Morro da Rainha em Balneário, duas vezes para ter certeza de que a pessoa é doida mesmo para ter se metido nessa.
Aconteceu de novo: cheguei no local da largada no domingo (que tinha mudado para o horário de verão, me tiraram uma hora de sono, como se eu pudesse perder isso), na área de transição, e encontrei o pessoal gente boa do triathlon de Blumenau. E eu era a unica mulher. É sempre nessa hora que penso: "o que mesmo eu vim fazer aqui"?
Mas eles me receberam tão bem, de novo, me ajudaram e deram dicas preciosas (Robson, muito obrigada), fui mimada de verdade. E as namoradas e esposas lá, apoiando e fotografando, umas queridas.
Everton coach encheu os pneus, emprestou um negocinho para a garrafa de hidratação, me ajudou a preparar o garmin (gps) para a prova toda, é super legal, conta transição e tudo, me lembrou que valeu o investimento. 
Deixei tudo separado, capacete para cima com o que eu ia precisar dentro, numero mais afastado para depois, organizadinha mesmo para não me perder (muito).
Levei a roupa de borracha, mas na hora decidi não usar. O tempo que eu poderia ganhar nadando eu perderia tirando o negócio, e pagando mico.
A agua estava fria, mas não gelada, e muita gente foi direto com o macaquinho de triathlon (inclusive a elite, me inspirei, hahaha), então me senti mais segura indo assim também.
A largada feminina é separada, oba, e eu estava beeeem nervosa. Tentei concentrar nos mantras básicos: uma coisa de cada vez, agora vou nadar, o resto não importa. Mas não é fácil.
A natação foi péssima. Eu parecia uma pata meio choca, não acertei a respiração, fiquei angustiada, não chegava na primeira boia, aquela maldita, foi muito difícil, parecia outra pessoa, alguém que aprendeu a nadar ano passado. Nos últimos 500metros acertei o passo, ou braçada coordenada. Muito tarde. Eca. Achei meu tempo horrível, 21min, mas depois fui olhar melhor, e vi que nadei 970 metros. Nossa, na hora apavorei, porque confirmei que tinha nadado totalmente torta. Ontem recebi a feliz notícia de que realmente o percurso dava em torno de 1000 metros. Daí pelo menos o tempo que levei foi o meu normal da piscina, embora não tenha sido bonito de se ver.
A transição? É aquela hora em que a gente sai da água, atordoada pela natação, corre até a bike (qual? onde? cade? quem sou eu?), calça o tenis (porque não uso sapatilha), hidrata e come,  põe capacete e vai embora, subindo na bike depois do tapete. Beleza. Agora como foi para mim.
Eu sentei, sequei um pouco o pé, estou começando, afinal, engoli um waffer feito para treino de bike (ele era tão gostoso, mas na hora me embuchou), tomei meu suco de uva já preso na bike, e, "apenas" quase 5 minutos depois, já estava pedalando o meu trator.
Era isso que parecia minha MB no meio das lindas speed, contra relógio, etc e tal.
Ali consegui concentrar que era minha escolha, e que eu não competia com eles, e deu certo. Fui, sem pensar muito, ate chegar no morro. Na minha inocência, comecei pedalando, e fui indo, até ter vontade de chorar e lembrar que aquela era a primeira subida, e tinha mais uma, além da subida de volta. Assim, desci da magrela e a conduzi carinhosamente morro acima, trocando o lugar da dor, das coxas para as panturrilhas, que cantavam em alemão. Lembrei dos treinos no portal da saxônia.
Depois é descida, a primeira vez cautelosa, a segunda enlouquecida. Ah, que sensação de liberdade que dá a bike! Bom demais!!! A segunda subida não foi pior, porque me preparei psicologicamente desde a primeira. E, diferente do Felipe, Sukita e Zanichelli, não fui um dia antes conhecer o morro maldito, porque só ia me entristecer. Fui achando que seria tão péssimo e horrível, que até que subi confiante.
Tudo bem que uma hora perguntei para o fiscal se eu era a última, mas ele disse que não, iupiii!
Não deram 20km, deram quase 17km, e eu fiz no tempo que estava esperando, quase uma hora.
Nessa transição fui rápida, um minutinho só para trocar capacete pelo boné (meu cabelo estava um espetáculo), pegar um gel (de comer) e colocar o numero na cintura (vantagem de não ter que tirar sapatilha e botar tenis). E saí correndo. Mesmo. Rápido. Para ser sincera, eu estava com uma vontade louca de correr! Minhas pernas estavam bem, me sentia aquecida.
Dali em diante era piloto automático. O único pensamento foi: faltam só 5km de corrida. Não pensa. Corre. E depois disso só fui. Parecia que estava  trotando, mas não foi o que o garmin apontou  depois (na hora eu não olhava valocidade nem pace, só distancia e tempo acumulado). Fiquei entre 5'05" e 5'20" de pace, achei totalmente excelente. E ultrapassei váááárias pessoas, incrivel, inclusive homens!! 
Astério me acompanhou durante uma volta na corrida, pessoal dava força no retorno, e Sukita me buscou no final da terceira e última volta. Foi muito importante para mim, porque ali eu ja estava sentindo umas pontadas de dor na coxa, coisa diferente, e ele foi ali ao lado, dizendo que estava tudo certo, e que faltava pouco. 
Quando eu vi aquela chegada comecei a rir, um riso de alívio, de felicidade, de missão cumprida. E depois do riso, um choro bem gostoso, de emoção mesmo, de sensação de que eu posso (Sukita deu ombro, coitado, se ferrou).
Fiz em 1h47min, o máximo possível eram 2h. Não fui a última mesmo, e inclusive cheguei antes de trios de revezamento e de meninas de speed (graças à corrida). Mas para ir beeem, falta muito chão.
Não vou falar da organização do evento porque eu nunca tinha feito, não tenho parâmetros de comparação. Mas a contagem de tempo e posterior premiação deram problema, a coisa ficou bem enrolada. Hidratação só na corrida, e frutas e isotonico no final, acho que é assim que funciona.
Como tinham pouquíssimas meninas na categoria mountain bike, ainda descolei um trofeu, que fui buscar no final porque perdi a chamada da premiação. Tudo bem, estava tomando um solzinho com a familia, afinal levei todo mundo para lá.
De quebra conheci varias meninas que estavam estreando também, nervosas como eu, e conheci a Josi, que foi a primeira colocada de MB, e é leitora assídua do nosso bloguito. Linda ela, e com tres filhos, sendo os mais novos, gêmeos!!! Olha nós ali, ela é top!
Assim que cheguei, se me perguntassem se eu queria fazer outro, não saberia o que responder. A sensação de terminar é incrível, e naquela hora realmente me achei bem corajosa por decidir tentar, treinar e fazer acontecer. Mas ainda assim, é sofrido, e exige além de treino, concentração e organização, é muita coisa para pensar. 
Só que no final do dia eu já estava planejando minhas travessias para melhorar meu nado no mar na pressão (porque no mar da Daniela, treinando, só eu, é fácil), e pensando que bike é treino, treino, treino. E que mb foi bom para estrear, mas não quero mais ficar lá para o final, só assistindo me ultrapassarem.
Engraçado que nem dei (tanta) importância para meu cabelo medonho e o fato de ir pedalar encharcada de água salgada, e depois correr, tudo com a mesma roupa. Nem lembrei que eu achava meio eca. Nada importava. Tanto que não passei filtro solar (sim, feio, buu para mim), achei que ia derreter e não precisava, mas fiquei com marcas estranhas, inclusive do meu número no braço, bem feito.
O dia seguinte? Dolorida, cansada, meio moída, mas nada tão diferente do habitualmente sentido depois de meia maratona, por exemplo, k42...quero dizer, não é dor de lesão, nem de nada de errado, só o normal do esforço intenso. Até porque eu estava seguindo a dieta adequada, suplementação, e me esforcei para fazer tudo certo antes e depois para ter uma boa recuperação. 
Gostei da experiência.  Sei que nem tudo o que o esporte pode oferecer me pertence, exige uma dedicação que não posso nem estou disposta a empenhar por enquanto.
Agora pelo menos eu sei que eu posso, eu consigo. Tem que treinar. E bastante, ainda mais se quiser aumentar as distâncias, mas a parte do treino, sou obrigada a confessar, é a parte mais legal do show. Lembrei da Dani dizendo que dia de iron é dia de festa. Com as devidas proporções, foi minha festa realmente,repleta de convidados especiais.
E vamos aos avisos paroquiais: tem Balneário Night Run dia 02 à noite, uma prova muito legal na areia, dia 03 tem uma corrida da Unimed em Floripa com 16km, mas que pode ser feita em equipe, dia 16 tem corrida GP em BC e dia 24 é a meia maratona de Blumenau, confiram o calendário de provas nos links ali em cima.
E por fim, para o final de semana e a proxima, novidades: entrega do tênis Noosa ao ganhador do sorteio, e a estreia de uma participação especial: com coluna fixa no blog para informações e dicas nutricionais, uma profissional que entende do assunto e orienta varios atletas de Blumenau:  Kátia Kegel Dieckmann, que além de competente é uma pessoa muito querida. Aguardem...
Final de semana chegando, é treino longo!! Bons treinos e boa prova para quem vai para Pomerode domingo!!

Comentários

  1. Parabéns, pela sua estréia no "nadapedalacorre"!!
    Sou leitor do blog, mas pela primeira vez estou postando.
    Tenho um amigo triatleta que costuma dizer: "...cheguei na frente de milhões de pessoas, poder estar na largada e concluir a prova já me faz um vencedor..."
    Que esta seja a primeira de muitas!!
    Tudo de bom !

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    Respostas
    1. Então, Jorge, me falaram isso também, cheguei na frente de várias meninas que acharam que não valia a pena tentar...e vale muito. Gostei do "nadapedalacorre". Obrigada por acompanhar!!

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  2. Amei o seu relato!!! Eu também chorei no final porque estava exausta psicologicamente também. A minha natação foi igual à sua, um mar horrível e a primeira bóia não chegava nunca! Eu pedalei fácil, estava "em casa". AS morrebas fazem parte da diversão. Mas, na corrida, eu respirei muito pela boca, pois estava com um lado do nariz trancado por conta de uma sinusite. Fiquei bem feliz porque foi uma SUPERAÇÃO!!! Prazer em te conhecer e obrigada pela foto! Beijo Josi

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  3. Está vendo, cada um com seu ponto forte, não é? Superação total!! Parabéns de novo! bjs

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