Some people have real problems...Bombinhas K42!!!

Geralmente, nas provas de aventura, quando chega o trecho crítico eu fico daquele jeito, me perguntando o que exatamente eu fui fazer ali. Minha vida é boa, gosto do asfalto, correr é uma delícia. Então, para que complicar a vida me metendo nesses troços de maluco?
Dessa vez, no K42, foi diferente. Comecei a me questionar antes. Na noite anterior, na verdade. Estávamos no restaurante, jantar de massas,  e eu vi um corredor bem conhecido em Blumenau, que corre geralmente só de sunga (agora um monte de gente já sabe quem é), e que é fera nessas provas de aventura, falando para outras pessoas que dividiam a mesa com ele: "nunca fizeram Desafrio? Ótimo, recomendo, tem que fazer". Na outra mesa, eu ouvia pessoas falando do mountain do, ansiosos pela nova prova, chamada de Fim do Mundo (tranquilo). E aí me dei conta: não é essa a minha tribo. 
Devo parecer uma patricinha no meio da galera do surf e do skate nessas provas. Basicamente, já não gosto nem de me sujar muito. Cair eu evito ao máximo. Me machucar, então, está fora de cogitação. Ou seja, por que eu insisto?
São dois motivos, já falei de ambos: o visual que geralmente acompanha essas provas, e o desafio de fazer algo diferente, mudar os estímulos do corpo.
K42 Bombinhas é considerada uma das provas mais difíceis do Brasil. Não tem quase nada de trecho moleza. Mesmo na rua, é no paralelepípedo, e em subida. Areia da praia, trilhas, trilhas, e mais trilhas, pedras, e muuuuita lama.
Muito bem organizada, dizem que nem sempre foi assim. Participei ano passado dos 12km, distância alternativa, e gostei tanto do visual que quis fazer os 42 em dupla este ano. Era para ser com a minha sister do coração, mas ela está se recuperando de uma lesão, e o meu par caiu no meu colo, apresentado por amigos queridos de Balneário Camboriú.
A organização do k42 é bem criteriosa e preocupada com a segurança. Após a inscrição, tem que preencher ficha medica, e o kit só é entregue mediante a entrega da ficha assinada.
A prova movimenta Bombinhas em pleno agosto. Acho que ainda não entenderam a dimensão do negócio, porque muitos restaurantes, cafés e bares permanecem fechados. Ora, a corrida é sábado, então as pessoas acabam passando todo o final de semana lá. Daria para explorar um pouco mais. A prefeita também acha, tanto que foi ao Congresso Técnico, achei muito legal.
Tinha muita gente este ano. No congresso técnico falaram que as vagas se esgotaram.
Largada organizada, sinalização dos trechos, staff, hidratação a cada 5km, com postos com isotonico e frutas no final do primeiro e do segundo trechos dos 42km. Transporte para o primeiro da dupla retornar à largada, e  para o segundo se deslocar até a transição. Massagem, medalha diferenciada conforme a prova (42 individual, dupla e 12km), e camiseta de finisher para os 42km, inclusive as duplas. Achei o máximo, é minha primeira camiseta de finisher.
A inscrição é cara, mas vem a camiseta, boa e linda este ano, uns brindes de patrocinadores, viseira, e uma bandana incrível, amei. Está incluído ainda o ingresso para a festa de encerramento que acontece após a premiação, com um coquetel simpático de comes e direito a uma bebida.Ah, e a gente ganha uma foto do foco radical!
Mas a prova é o demônio, então a gente merece tudo isso e muito mais.
Eu tive crise de sinusite na semana da prova. Espetáculo,   como na volta à ilha. Então, fui correr doente de novo, porque só piorei e tive tosse. Mas era suportável, senão eu não teria ido, não vou dar uma de mártir da corrida. Bem verdade que se não fosse em dupla eu pensaria muitas vezes, mas já tinha me comprometido. Falei com dr. Fábio, top mega master medico do esporte que salva a vida da gente, ele me passou a suplementação adequada, incluindo cafeína, e lá fui eu. 
Me disseram que o primeiro trecho era melhor, mais simples um pouco. Não é. São 5km tranquilos, na largada, e depois começam as trilhas. É subida ruim seguida de descida pior, estrada de terra, com muita lama. Depois, só subida, punk. Gosto de subir, doía tudo, mas não me importo. Mas os 2km de descida...eca. E choveu muito na semana passada.
No começo, acho bem legal quem passa feliz ao meu lado, saltitante pela terra enlameada, super seguro de si. Depois de um tempo, começo a ter raiva dessa gente toda, sinceramente. Deve ser inveja. E tem gente que passa rindo, dizendo que assim que é bom. E deve ser, senão o povo não ia, certo? (então o que estou fazendo ali mesmo?).
Lembrei várias vezes da minha parceira de corrida Giovana que diz que "quanto pior, melhor". 
Na verdade ,mais uma vez, senti falta de correr, porque aquilo não é correr.É outra coisa. É desafiar a natureza, ultrapassar limites, tudo isso, mas correr não é.
Não conseguia me divertir. Mais uma vez todo mundo que passei na subida me pegou na descida, e eu mantive o mesmo ritmo péssimo, cheia de insegurança (estou ficando repetitiva).
O problema, eu acho, é que não tinha vista. Meu trecho era só trilha fechada. No final do morro, a vista era para mais lama e mato. Subir o morro da praia mole e no final ver a Mole e a Galheta, me fazem esquecer o esforço. Ali não havia nada. 
Nos últimos 5km, praia. Gente, que felicidade. As pessoas caminhando, reclamando da areia, e eu engatei uma terceira e fui. Corri os 5km direto, não com velocidade, mas com ritmo, ultrapassei muuuuitas pessoas. Sem esforço, e com sorriso.
Não foi suficiente para recuperar todo o meu tempo de lerdeza, mas pelo menos me senti melhor.
A chegada é gostosa, na praia do Canto Grande. Dali, fui para a pousada, tomei banho, deu tempo até de secar o cabelo, e fui esperar o Gustavo, minha dupla, na chegada.
Ele chegou sofrido como eu, o que me deixou aliviada, porque não fui a única a passar trabalho. Meus amigos que "montaram" a dupla, o Caco e a Marcela, são show nessas provas, e ficaram em 2º lugar na dupla da categoria deles (que também era a nossa), muito legal, porque eles curtem e são super técnicos. E a Marcela não tem medo...(ah, a inveja branca).
Hoje, fui olhar as fotos do foco radical e...surpresa. Estou sorrindo na maioria. Doida de pedra mesmo. Olhando as fotos, fiquei pensando onde eu estava, porque não pode ser no mesmo lugar em que achei que corri. Mas era.
É que lá no fundo do coração, eu fiquei muito feliz em ter conseguido. Terminei em quase três horas, um tempo ruim, mas essas provas, pra mim, não são para tempo. São para  testar o limite e o potencial. Eu fui e, sem treino específico para a prova, terminei. Sem dores, sem cãibra, sem parar, muito focada na prova. E isso é importante, bem importante. Estou conseguindo ser mais generosa comigo e não me exigir tanto como corredora. Não era minha prova, era só um "recreio". E foi legal, diferente e realmente desafiador. 
Fazendo isso, me sinto preparada para outros desafios. Que venham!
E como é democrática essa tal de corrida.
Gente, parece que o final de semana vai ser de chuva. Aproveitem para dar uma boa olhada no armário, nos tenis e roupichas que não usam mais, mas que podem fazer um novo atleta muito feliz. E segunda acessem o blog, vamos movimentar e fazer circular a energia boa dos corredores solidários. 




Comentários

  1. Ótimo Relato!!! Parabéns Andrea! Aos poucos vc vai dando preferencia p mato!!! É sangue nos óio!!!! Rock and Roll!!! kkkkkkkkkkkkk

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    1. Ah, Charles, não sei, é sempre tão dificil ainda...mas é super rock and roll!!!

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  2. Andrea você é incrível e tuas descrições são envolventes e nos fazem refletir junto contigo. Gostei da constatação "Estou conseguindo ser mais generosa comigo" Parabéns, acho que correr desta forma é um exercício de determinação e conhecimento de si incrível. abs Maurilio

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  3. Excelente texto e mostra para nós exatamente como foi. Tive a oportunidade de participar também e em dupla. Confesso, que por várias vezes me perguntei se iria conseguir, pois por mais que esteja muito acostumado com treckking e montanhismo, estou apenas começando nas corridas. Tirei de letra, o percurso, nas partes com maior dificuldade, ou seja no meio do mato, mas no final na área de zimbro e Canto Grande, não tive pique para finalizar correndo, então vim alternando entre caminhas e corridas.
    Um Dica que posso lhe dar, se você aceitar é claro, é fazer de vez em quando trecking ( caminhadas em trilha ) ou montanhismo. Você morando em Blumenau, tem muitas opções próximas e boas de fazer. Uma inicial, de nível fácil, é a Rota das Cachoeiras em Corupá. Eu participo de 02 grupos de Montanhismo, mas os dois são aqui de Curitiba. Neste dia 01 de setembro, subiremos o Monte Crista em Garuva, é nivel intermediário 04 horas de subida e mais 03 de descida. Um dia faça o Caminho do Itupava, apesar das 09horas de trilha, é o caminho que liga Curitiba a Morretes ( o antigo caminho ). A propósito este tipo de esporte, procure sempre fazer com pelo menos mais uma opção. Quanto mais melhor. Se quiser pode dar uma olhada no grupo em https://www.facebook.com/groups/112253832147308/

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  4. Olá Andrea,

    Parabéns pela prova. Difícil definir qual o pior percurso, o primeiro ficou muito perigoso com a lama... e foi um show de tombos, para todos os lados.

    Valeu por mais essa conquista.

    Bons treinos.

    www.corramais.blogspot.com.br

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