Corri a Meia Maratona de Lisboa!


 

Passado um mês da prova, me sinto mais pronta para falar sobre ela, razão da minha viagem solo em março. Sim, quando o objetivo principal da viagem é uma corrida, eu gosto de ir sozinha, porque eu acho que fico muito chata nos dias que antecedem a prova. Sou cheia de rituais, e ninguém que não vai fazer a mesma coisa que eu precisa aturar isso. E de toda forma gosto de viajar sozinha, e já começo contando isso porque muita gente me pergunta com quem eu fui.

Enfim. A inscrição foi feita meses antes, num "ooops, me inscrevi". A meia de Lisboa agora é uma super half. Assim como existem as maratonas chamadas "majors", que, quando concluídas, dão direito a uma mandala, agora criaram as super halfs, mesma pegada, para meia maratona. Adorei a ideia, porque ando bem sem paciência e tempo para treinar para uma maratona. A verdade é que adoro uma meia maratona. A gente treina para ela tendo vida, não fica exausta no processo, e depois da prova segue para qualquer festa, juro. 

Lisboa pareceu um bom lugar para inaugurar essa história, que também não sei se vou continuar. Eu cheguei no aeroporto e fui logo buscar o kit, porque o lugar só era perto do aeroporto mesmo. Fui de mala, portanto, e tinha um lugar para deixá-la, achei ótimo. 

Eu já estive em expo bem fraquinha em prova no exterior. Brasileiro adora uma feirinha, no Brasil entrega de kit já é um evento, e nos outros países isso não acontece necessariamente. Em Amsterdam foi incrível, mas em Palma de Mallorca era uma tenda com venda de camisetas de marcas locais e manguito, e a prova era grande. Em Lisboa era uma feira legal, mas as da Corre Brasil, aqui de SC, dão um banho, como diz o manezinho de Floripa (minha família, no caso). Várias tendas, umas muito legais, de gel e de bebidas de proteína de marca local, provei algumas, bem gostosas, um lugar para um cafezinho free, que nunca nego (mal sabem que eu pagaria), tendas de roupas de corrida, que eu tenho sempre certo receio porque o tecido pode ser quente (eles tem muitas provas no inverno) e a modelagem pode ser muito diferente nas peças de baixo. Dava para ver tudo em vinte minutos. 

Tinha tenda da Garmin (relógio oficial da prova) e da Adidas, que também tinha o tênis considerado oficial da prova, o novo Adizero Evo, que aqui no Brasil, quando olhei antes de ir, estava esgotado (e custa caro). Lá era um estoque único, se acabasse era mesmo o fim. Não vou negar que fui pensando em comprar um tênis, tanto que só levei o da prova (viajei com ele no pé). E fiz umas pesquisas, gostei do Evo, provei na feira,  curti. O euro naqueles dias não estava tão ruim, e eu tinha um valor na cabeça como limite para pagar (150 euros). Custava 149, uhuuuuuu. Tinha um lugar para personalizar o tênis e eu adorei, fiz felizona. Ah, como era Europa, consegui comprar o 37,5, que é o meu verdadeiro número de tênis de corrida e quase nunca consigo. 

A prova era domingo. Cheguei quinta, perfeito. Passeei a pé naquele dia mesmo, depois de pegar o kit e ir para o hotel. Uma coisa boa de correr em lugar que a gente já conhece é que não tem o estresse de "tenho que visitar a cidade, é oportunidade única". Era o caso. Eu tinha alguns lugares que queria voltar, mas o clássico do turismo não estava nos planos: Jerônimos, castelo de São Jorge, Torre de Belém...Com isso em mente, na sexta fiz o trote programado na planilha, com o tênis novo, que deu bem certo, pegando um vento que parecia o nordeste  de Floripa, beira mar norte, com o tempo fechando, e depois choveu o dia inteirinho. 

Vou falar já do hotel que fiquei e super recomendo, sem ganhar nada por isso, pois paguei. 

LX SoHo Boutique Hotel by RIDAN Hotels

O quarto não é tão pequeno como de outros hotéis europeus que já fiquei, que não cabia nem a mala. Tinha um armário ok, uma escrivaninha, e tinha algo que eu amo: uma chaleira elétrica (conhecida também como rabo quente). Todos os dias repunham o café solúvel e chá, além da garrafa de água. O frigobar é vazio. Para mim era perfeito, eu tomava o café solúvel ou supercoffe que levo sachê de manhã, e à noite o chazinho. O banheiro era espaçoso, um bom chuveiro (o que também não é tão comum na Europa), sem banheira, com secador de cabelo. A cama era grande e confortável. Tinha café da manhã mas eu escolhi a diária sem café porque tinha muitos lugares para almoçar e jantar em mente e não costumo tomar café da manhã em geral. Tendo o café preto no quarto, ficou muito bom.

O hotel não fica exatamente no que a gente chamaria de centro (ou seja,  região baixa, da praça do Comércio, Rua Augusta), mas tinha o metrô a 70 metros de distância, e passava muuuito trem, eu não esperei mais de três minutos nenhuma vez. E foi a viagem em que mais andei de metrô porque choveu muito. Muito mesmo. Ao lado do hotel, literalmente, tinha um supermercado Auchan de bom tamanho. 

Na sexta feira eu fui correndo do hotel até a praça do comércio, dava 2km e alguma coisa, continuei correndo na orla do Rio Tejo para dar 5km. Deram 6km porque eu não soube contar (pra variar) para que eu terminasse na frente da estação de metrô e voltasse para o hotel no quentinho. Como era muito perto e eu sabia que seria rápido, levei uma manguinha comprida amarrada na cintura e deu bem certo. 

Dali em diante eu meio que só enrolei mesmo, e comi. Nossa, comi bem. E fui na Livraria Bertrand do Chiado, a mais antiga, que eu amo, e sim, como já conheço a cidade, me sentei, li e tomei uma sopa. No sábado eu já estava no modo arrumar tudo para correr, e estudar como chegar até a largada. 

A largada é do outro lado do rio, então tem que sair com bastante antecedência, eu fui vendo o tempo que dava no mapa conforme os horários. No meu caso, pegava metrô até uma estação (dependendo de onde se hospeda, era ônibus), andava uns 200 metros até uma estação de trem, então o trem até o outro lado, e aí uma caminhada de uns 10 minutos até a região da largada. Isso tudo está no site e a gente recebe por email. 

A prova é às 9h30, pois é inverno, super digno, né? Mas para estar na largada pelas 9h10, que eu acho o ideal quando você não conhece, o cálculo era complexo. Até porque tem que considerar que eram 20 mil pessoas fazendo o mesmo trajeto. Eu decidi sair pelas 7h10 do hotel. Como eu vou sem comer, isso significava acordar 6h30, só tomei um café preto, mas tinha toda a preparação.

Atenção: bengaleiro é guarda volumes em Portugal. Tinha que ter comprado na inscrição. Não me dei conta e não comprei. Me disseram depois que eu poderia ter comprado na retirada do kit, mas quem me entregou a camiseta disse que não dava mais. Enfim, eu não tinha guarda volumes, o que não é muito esperto quando se corre no frio, aparentemente. Em Amsterdam, quando eu e Simone fomos, deu bem certo o guarda volumes, troquei de roupa em um lugar quentinho antes de voltar para o hotel. Mas em Lisboa eu percebi depois que não seria assim...

Enfim, sem guarda volumes, eu tinha que traçar um plano, que incluía ir no banheiro químico ou em um café, restaurante, para trocar de roupa depois da prova. A previsão do tempo indicava chuva, que talvez parasse ao longo da prova. Comprei uma capa de chuva para descartar. Sim, paguei 5 euros numa biboca de coreanos, porque esqueci de levar uma daqui. Na véspera, dobrei/enrolei um short, um top, uma calcinha, uma regata e uma meia. Separei em saquinhos que eu tinha e deixei sob a mala durante a noite, tentando criar uma embalagem a vácuo. Funcionou porque eu uso short  com muitos bolsos, couberam nos bolsos laterais os saquinhos, e os geis de carbo nos bolsos que ficam no cós do short. Levei uma garrafinha de água mineral com meu pré treino dentro, para descartar também, sabendo que tinha que confiar na hidratação da prova porque gastei os bolsos com roupa, já que sem bengaleiro estava.

Levei ainda um corta vento amarrado na cintura, dos impermeáveis, esse era da Track and Field que eu ganhei e não tinha usado ainda (obrigada, Rosilaine!!). Eu enrolei ele para amarrar, torcendo para não me atrapalhar. Usei o bolso de trás do short, com bolso, para uma identidade e chave/cartão do hotel, e levei o celular numa pochete. Sim, minha gente, eu de pochete, que horror. Uma que comprei na Ale Hop, uma loja que amo e conheci em Coimbra, é meio uma Imaginarium com mais coisas realmente úteis, e sem itens de séries, filmes, etc. Eu ia todos os dias na Ale hop quando fiquei um mês em Coimbra, e acho que comprei alguma coisa todos os dias, de sombrinha a carregador de celular, passando por óculos escuros e massageador portátil.  

Enfim, foto da pochete abaixo, tem parecida na Decathlon, ela é discreta e impermeável, no sentido de não molhar o que tem dentro. Mais um item que nunca levo, torcendo para não atrapalhar. Normalmente, eu teria usado o guarda volumes e a levaria o necessário para a prova em si nos bolsos Vivian Bogus, mais garrafinha de hidratação. 

Estava frio para nossos padrões, 5 a 8 graus, então decidi correr com a camiseta da prova, que é lindíssima e de uma poliamida muito boa, Adidas, do tipo quentinha, padrão europeu. Aqui vou usar em poucas ocasiões. Fui de top, camiseta (eu prefiro correr de regata, mas fiquei com medo do frio nos ombros), manguito,  gola no pescoço Mulheres que Correm (saudades, né, meninas), e acabei indo com o boné que veio no kit. Feio, bem feio, branco. Mas pensei o seguinte: eu tinha levado o "gorro" de tecido bom, e a viseira, e tinha que escolher um dos dois. Se chovesse, viseira era melhor porque chuva na cara ninguém merece. Mas chuva na cabeça é ruim. Então concluí que com o boné feio ficaria com a cabeça mais quentinha e protegida da chuva na face. 

Assim prontinha, saí do hotel e fui, e deu tudo muito certo. Dica: pegar o trem na primeira estação rumo ao outro lado (tem tudo no site, é bem boa essa parte), mesmo que para isso tenha que ir de metrô ou ônibus um trecho maior. Eu fui sentada por todo o percurso, que levou uns bons vinte minutos. A partir da terceira estação, nosso trem nem parou mais, porque já estava lotado e tinha muita gente esperando. Pasmem, não fiz nenhuma amizade no percurso. Até eu me estranhei. 

Saindo do trem, é só seguir a galera, tem gente sabendo para onde ir, eu confiei. Na estação de trem tinha muita gente perdida, poucos portugueses (muitos, muitos espanhois), mas uma moça que trabalhava lá disse qual era a plataforma e deu tudo certo.

Para acessar a largada, muitos pontos de controle com gente conferindo os números de peito (lá se chama dorsal - e ainda dizem que é o mesmo idioma), e também passando um trocinho no qr code do número. Eu fiquei feliz, porque em Buenos Aires criaturas imprimiram os números em casa (como na São Silvestre) e pegaram medalha, não teve medalha para todos os concluintes na maratona, porque tem gente podre de caráter por toda a parte, então por favor não venham com "coisa de brasileiro". 

Em resumo, saí do hotel 7h10 e cheguei na largada 9h00. 

Chegando lá, vi a saga banheiro. Já vou dar a dica logo: siga em frente, vá para mais perto da largada efetiva, que tem mais banheiro,  estavam com fila de duas a três pessoas, eu vi quando fui me aproximando. A maioria das pessoas chega e já entra na fila dos primeiros banheiros e foi o que eu também fiz. Imensas filas. Impossíveis filas. E aí a humilhação. Corredores, como eu e você, subindo um barranco com árvores, logo atrás dos banheiros, e fazendo por ali. Não, não os caras. Esses iam nas árvores próximas, tal qual cachorrinhos, desde o caminho até a largada, e lá no início dos barrancos também. E para eles ainda havia mictórios no meio dos banheiros, nunca tinha visto. Eram as mulheres, se agachando no meio da relva para um xixi básico, às vezes de costas para nós, como se não fôssemos ver. O que faz o desespero. Percebi que eu não estava desesperada, e não ia ficar apurada. Já tinha calculado e não daria tempo de chegar a minha vez naquela fila (se eu tivesse ido lá na frente, teria dado tempo). Desisti. 

Parte bem linda: não só não choveu, como abriu um sol um pouco depois da largada. Eu corri com sol a maior parte do tempo. Só baixei o manguito pelo km10, mas sem chuva é outro papo. Também não levei óculos escuros, de modo que o boné foi bem importante. Largou no horário, e vamos ao percurso. 

A propaganda é de percurso plano. Cumpre o prometido, tendo uns dois aclives tranquilos, no máximo, e o resto é plano ou até declives gostosinhos. Massss isso tudo depois dos dois primeiros km. Por que?

Porque largava na Ponte 25 de abril. Eu adoro correr em pontes. Acho lindo lindo lindo, mesmo sendo ruim de correr. E essa é ruim,  não é como a Pedro Ivo em Floripa, é como a Hercílio Luz em Floripa, não é asfalto, é um piso que parece alumínio, nem sei explicar, só passando por cima para sentir. Não é  muito firme, tinha chovido a semana toda, estava úmido, então se estivesse vazio já não seria super confortável. Só que eram mais de vinte mil pessoas ali em cima. Sim, fechada integralmente a ponte para os corredores. Como eu fui honesta na previsão de pace na inscrição, larguei de um pelotão mais para trás, e tinha muita gente mais lenta do que eu na frente, e na ponte era im pos sí vel ultrapassar, era muita gente, e escorregava. 

Sendo assim, levei mais de seis minutos para fazer o primeiro km. Tipo bem mais. E como corredor é ruim de conta enquanto está correndo, me perdi no quanto eu teria que fazer nos próximos kms para tirar aquela diferença toda do início. O segundo km não foi maravilhoso, mas já pegava a descida e saída da ponte, então tinha mais dispersão do povo.

A gente passa a ponte, então, vendo a paisagem, até porque não dá para correr rápido, depois passa uma região simpática, não tão central, passa ao largo de trilhos de estação de trem, que não tem muita graça, e o que eu não achei tão legal é que para ser plana a prova o percurso tem que ter vai e volta. Essas tangentes, retornos, curvas, eu não organizei direito, e é onde aglomera, então ali eu também perdia segundos que se revelaram preciosos no final. 

Depois começa o circuito turístico, Praça do Comércio, volta, passa por ela de novo, passa na frente do Mosteiro dos Jerônimos (onde depois é a chegada), Monumento dos Descobrimentos, Torre de Belém,  tudo bem lindo, ainda mais porque abriu o sol, aí vai por uma marginal sem graça e faz o retorno e passa tudo de volta até os Jerônimos. Isso de entrar pela rua e dar de cara com o Mosteiro/Museu é lindo. A gente vai vendo o povo que está voltando e vice versa, e tem uma parte que dá para realmente correr mais forte, mas eu não fiz isso. Não sei por que. Estava treinada, e fiquei num ritmo de conforto praticamente a prova toda, variando entre 5'34 e 5'41 nos melhores quilômetros,  mas fiz mais dois km em pace 6', que foram os que eu fiz tangente e ainda tomei o gel e a água em seguida, foi meio vacilo meu. Eu teria que ter corrido para no máximo 5'25 nos kms bons para compensar essas passagens. 

Não foi horrível, mas foi longe do que eu podia ter feito. Mais uma vez, uma prova bonita e legal que vira isso, bonita e legal, um passeio. E não uma prova para levar a sério. Ainda estou pensando em como vou administrar isso se eu quiser fazer outras super half.

A hidratação da prova era farta, muita água, em garrafinhas pequenas, que eu adoro. Se meus bolsos não estivessem cheios, ia ser melhor ainda. Mas eu prefiro porque posso continuar tomando mais para frente, não tem a urgência do copo que fica a água ali caindo. Contudo, todavia, entretanto, fazia tempo que eu não usava garrafa correndo, confesso que me atrapalhei no abrir, tomar, fechar, sem me molhar toda. Tinha um posto com isotônico, mas estava muito cheio quando passei, não parei. 

Bastante gente no percurso, especialmente na parte turística, mas não só. Famílias, cartazes, DJ, banda, gente com sino...posso dizer inclusive que até o km 15, mais ou menos, passou tudo muito rápido com esse percurso de vai, volta, vê gente, monumento histórico...Bem animada a prova. 

Estou guardando o pior para o final, que foi...a chegada da prova. 

Pois bem, a chegada era a mesma para 21km e 10km, que largou depois, então façam as contas: gente de 10km chegando com gente de 21km. Eu ia terminar a prova em 2h praticamente cravadas, devo dizer que a medição do percurso era impecável. Ia. Não foi assim?  Não. 

No corredor de chegada, que nem era um funil, era uma passagem larga, quando eu fui chegando, vi um tumulto, bem próximo ao tapete de leitura do chip, mas alguns metros antes dele. E fui chegando, e o povo não se movimentava, até que simplesmente tive que parar, eu e todo mundo. Nós, corredores, não conseguíamos avançar para a chegada oficial, o tapete, que marcaria nosso final. E eu estava dando uma apurada, porque afinal estava sobrando, e fui parada, e ninguém conseguia se mover para frente. Isso durou uns 30 segundos, que é bastante na corrida, a gente andando a passinhos. Teve gente do meu lado  que quase passou mal, porque a parada foi muito brusca, eu segurei uma mulher que quase caiu. 

E assim andamos, em passinho, até o tapete de chegada. Eu digo o seguinte: roubaram a minha chegada. Aquela alegria de passar embaixo do pórtico, da missão cumprida, de dar aquela desabada sorridente depois,  ir parando, desligar o relógio no momento mágico, isso não me foi permitido. Eu fiquei tão passada e frustrada com essa parada súbita. 

No final me tiraram ali um minuto e uns poucos segundos. Não é nem pelo tempo, ja que não estava fazendo uma grande corrida. Se estivesse, eu ia ficar muito enfurecida. Mas é a desorganização da coisa toda. Sabem que muita gente faz um tempo próximo a duas horas, então não pode bater com o povo de 10km, que largou uma hora depois, já que muita gente faz 10km em uma hora. 

Sei que depois disso, eu só queria minha medalha e sair dali. Pensei em entrar em alguma padaria (pastelaria em Portugal) para trocar de roupa, como era o plano original,  mas era tanta gente concluindo a prova e lotando a região próxima que achei melhor ir direto pegar o transporte urbano, ônibus ou elétrico, grátis para corredores (para todo mundo, não tinha ninguém fiscalizando). Eu sabia quais ônibus pegar para chegar na estação de metrô, olhei antes de sair do hotel. 

E esse foi o outro drama, nem vou contar porque pode desanimar as pessoas que queiram fazer a prova, mas basicamente levei duas horas para chegar no hotel, e o normal seria fazer isso em no máximo meia hora, com folga. Os ônibus lotados, em menor número porque era domingo, trajetos diferentes, caminhei um bom trecho, choveu, enfim consegui uber, blablabla.

Dica da tia: vá sem pressa para ir embora depois que a prova acabar. Eu tinha pressa, tinha que sair do hotel até 13h30. Não deu certo, eles não ficaram nada felizes , mas como eu cheguei em quase hipotermia com a boca roxa, o recepcionista só me mandou tomar um banho quente. Enfim, eu estava com tudo pronto para sair, mas tinha o banho, secar cabelo, pois fazia 15 graus. Depois de correr, eu só consegui trocar as meias (que eu acho bem importante, para secar uma extremidade pelo menos), a camiseta pela regata, e coloquei o corta vento, que super salvou. Mas fiquei de short e top molhados até chegar no hotel, péssimo para todo mundo, pior para mulheres, muito pior para mulheres na menopausa. 

O ideal: ter alguém te esperando em algum café, restaurantes, pastelaria próximo à chegada, e você tenha deixado roupas limpas com essa pessoa, possa se trocar e ficar ali, de boas, tomar seu whey, comer um pastel de nata e depois tomar seu vinho (nesta ordem para não ficar embriagad@ de cara). Usar o guarda volumes só se estiver sozinho e não tiver opção, porque eu vi a multidão na frente dos ônibus abanando seu número de peito, estava demorado. 

O outro aspecto bem triste: eu não tenho NENHUMA foto. Eu fui correr, não parei no percurso para tirar foto com meu celular, por óbvio. Confiei como confio no Brasil. Não deveria. Pelo meu número não tem foto, pelo meu rosto não tem foto, não tenho registro da prova. E como eu estava muito atrapalhada na chegada, não tirei também naquele lugar lindo. Tenho uma foto antes da largada, não boa. Sem comentários. 

Então, se tiver alguém com você no dia da prova, peça para ir em alguma parte legal do percurso, pode ser quando você passa na ida, e tire fotos, filme, e dá tempo da pessoa voltar e ir para um café te esperar. Não deve ir no corredor da chegada, porque tem gente demais, impossível tirar foto, e aí vocês terão que procurar uma mesa num café juntos, e estava tudo lotado. 

Eu não sou uma pessoa reclamona, então não vou dizer que estragou a prova nem nada, mas ainda não digeri a chegada e a falta de fotos. NY é uma prova gigantesca e eu tive fotos. Amsterdam também, embora não tenha comprado porque eram caras hahahaha. 

Finalizado o relato, para quem é corredor/a:

- top: levei dois da nike de modelos diferentes, usei o mais básico (o nome e swoosh), com bojo (não removível); ele é firme para mim e não me machuca (tenho vários do mesmo modelo, a maioria sem bojo porque era o único que existia, só mudo a cor - e nem muito); os tops da Track and Field que são para corrida também gosto, principalmente um modelo novo de bojo fixo com regulagem de alça e na lateral. Eu gosto que o top de corrida fique muito apertado, quase trancando a respiração, para não balançar nada. E não compro mais com bojo removível, porque a gente tira pra lavar e nunca mais consegue colocar de volta do jeito certo.

- short: para corridas de mais de 15km, sempre, sempre short da Vivian Bogus: levei o megabolsos, que tem bolsos sobrepostos, que eu gosto porque dá para guardar coisas separadamente (coloco a garrafinha no bolso mais externo para não ficar muito perto do corpo, às vezes fica roçando no short, que roça na minha perna e chega a sangrar - sim, sou muito sensível), tem o bolso com ziper atrás - que cabe o celular, bolsos no cós, é bolso que não acaba mais, tanto que levei roupas; se não tivesse levado, caberia tudo o que precisava para a prova em si; 

- tênis: Pegasus 41, que comprei em Paris em agosto passado (me exibindo); treinei com ele nos longos dos últimos meses para ter certeza de que daria certo, e se não desse eu teria ido com o Pegasus 40. O Pegasus é o tênis que dá sempre certo para mim (menos a versão 38, erraram muito naquela), então em prova eu não arrisco outro.

- meias: eu não lembro se usei da Agile ou da Hupi, mas foi uma das duas marcas porque são as que eu mais gosto para longas distâncias. Aliás, meia é um item que eu não acho boa ideia tentar economizar, porque se ela for ruim, pode até cortar o pé, e se for ruim de outro jeito, furar durante o treino. As da Track and Field também são boas, mas não dão conta nas distâncias maiores, no meu caso (começa a roçar e esfola o pé).

- outros itens: camiseta da prova, porque estava friozinho; manguito; gola no pescoço, que não precisei tirar; faixinha quentinha para proteger meus ouvidos, meu ponto fraco; boné horroroso, fones de ouvido (no meio da ponte não tem sinal de nada, nem bluetooth funciona, achei que tinha dado ruim, mas depois voltou a funcionar); a medonha pochete, que nunca uso, mas não me atrapalhou quase porque é bem fininha; corta vento da Track and Field de ziper, sem capuz.

Preparação para correr:

- redless da Pink cheeks, para não dar assaduras: eu uso o bastão, acho melhor para espalhar, e passo na virilha, meio das pernas, em toda a região do elástico do top no tórax e embaixo do braço, porque depois de 16, 17km, a chance de assadura é grande e você descobre da pior maneira, o ardido no banho quentinho.  Tem de outras marcas. Eu não recomendo óleo de coco, não acho uma economia inteligente, passo na pele o que é feito para isso. Eu nunca usei vaselina, mas os caras costumam usar. 

- gel protetor de calos e bolhas da Granado, embalagem rosa. É mais grossinho, eu lambuzo nos dedos dos pés e no calcanhar. Ajuda bastante, mas não vai adiantar se você estiver com um tênis menor ou muito maior para o seu pé ou com meias ruins.

Nutrição, hidratação pré e pós prova, momentos do gel de carbo, suplementos: procure um/a Nutri para te orientar adequadamente; ao contrário do que alguns influencers dizem, as pessoas não são todas iguais, tem gente que precisa de mais água, nem todo mundo vai se dar bem correndo em jejum, e o que funciona para sua amiga pode dar super errado para você, não arrisque. Eu vou na Nádia Venturi já faz mais de dez anos, tivemos um intervalo logo que vim para o litoral, mas depois a convenci a atender também em BC (vamos fingir que foi por minha causa). Ela entende de nutrição esportiva, lowcarb para quem é de lowcarb, emagrecimento, massa muscular. Ah, ela é durona, não se iludam pelo sorriso inocente. 

Suplementação, análise de necessidade de vitaminas, minerais, parte hormonal (se for o seu caso, como é o meu): procure um/a médico/a competente, mulheres tem gineco mas ela pode não entender nada de esporte, então não vai ser suficiente, atletas têm demandas diferentes; se puder, vá em alguém com especialização em medicina do esporte, vai passar exames muito além de glicose, triglicerídeos e colesterol, analisar os resultados e ver suas necessidades individuais. Desde 2022 eu vou no Dr. Nathan Klein em Itapema, e ele arrumou minha bagunça interna, me botou no caminho de modo que se eu me esforço adequadamente e faço a minha parte, o resultado vem, e tenho mais disposição, melhor sono, melhor recuperação, melhor imunidade. Aliás, se minha imunidade não fosse tão boa, com certeza eu teria ficado doente depois de ficar duas horas com roupa molhada num lugar com 15°.

Treino: quanto, quando, km, tipos de treinos: tenha um treinador de corrida, converse sobre objetivos, e não deixe de ter planilha de um profissional depois de algum tempo achando que entende da parada, a chance de lesionar e de não evoluir é muito grande. Estou com a Gamboa Sports - no meu caso, o Diogo Gamboa é meu treinador há quase dez anos, com uma interrupção quando eu tive que ficar sem correr por alguns meses. Confio nele e no processo, ele me conhece melhor do que eu mesma no quesito esforço e potencial. Ele entende meus momentos de vida e encaixe dos objetivos na corrida. E desde o ano passado meu treino de musculação e fortalecimento para corrida é com  a Jaque Vargas, que me passa o treino e vai me acompanhando, ela também corre então tem dado muito certo. Vou dizer de novo (porque falo isso o tempo todo): corredor tem que fazer fortalecimento, corredora tem que fazer fortalecimento e musculação, especialmente depois dos 40 anos. Não gosta? poxa, que pena, vai ter que fazer mesmo sem gostar. Vida adulta é uma chateação mesmo. E sim, talvez você tenha que mudar os objetivos na corrida para caber a musculação no tempo que você tem (um dos motivos de eu não fazer maratona por enquanto). 

Eu não sou influencer, não sou "criadora de conteúdo digital" de corrida, sou blogueira old school. Conto as minhas experiências e o que funciona para mim. Remunero todos os profissionais e pago por todos os produtos das marcas citadas. Mas acho bem importante reconhecer o trabalho e a dedicação das pessoas comigo (ah, mas estou pagando - nem sempre isso é sinônimo de sucesso), e dar dicas de marcas que eu gosto, mesmo que seja propaganda gratuita. Mas justamente por não ganhar, posso falar com liberdade. 

Foi mais uma aventura de corrida no exterior, que é uma experiência que eu recomendo para todo/a corredor/a que puder pagar por isso. A gente chega a entrar no flow durante a prova, é uma energia diferente, pessoas de toda parte, com histórias próprias, tem todas as idades, corpos, origens, e todo mundo está lá correndo. É bom demais. 

Quem já correu em Lisboa? Me conte como foi a sua experiência. 

Eu volto quando tiver alguma coisa interessante para compartilhar de novo. Beijos


Prontinha e bonitinha
a pochete
com a capa, para sair
na verdade, são duas fotos da prova. Esta, assim que cheguei na largada, sendo o objetivo mostrar que o tempo estava abrindo, e agora mostrar para vocês o boné. Que deixei no hotel depois. 
E esta, com o objetivo de mostrar a ponte, pois afinal eu teria fotos correndo























Comentários

  1. Ah, Andrea… então é assim que você se transforma em super-heroína? Foi ótimo você ter avisado logo no começo sobre seus rituais, mas está longe de ser “chata” com tantos detalhes — na verdade, isso nos fez correr junto, mesmo sem ter participado da prova. Foi possível imaginar perfeitamente aquele “fluxo” durante a corrida.

    Somos gratos por compartilhar sua experiência num tempo em que os blogs, infelizmente, andam tão esquecidos.

    Só faltou dar os créditos finais aos meros mortais da Studio Remo, que estão lá com você semanalmente nas aulas de remo indoor, dando o máximo para alcançar um décimo da tua performance!

    Parabéns! Você é — e muito — referência para todos nós, Professora Andrea Pasold!

    E como diria Laurinei Niepsui, o Alemão: Mas que beleeeeezaaaaa!

    ResponderExcluir
  2. Esperando a próxima história 🤩. Amei seu relato, da pra sentir e ver tudo que aconteceu kkk parabéns pela prova ❤️

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Campanha de doação de tênis: Tênis velho, atleta novo – doe seu tenis antigo para um corredor

O dia em que usei amarelo