Correr em Floripa - é, mais uma vez

Ano passado, quando terminei a meia maratona do Rio, encantada e extasiada, já pensei imediatamente em me inscrever para a edição deste ano. As inscrições para a maratona abriram rapidamente, provavelmente para pegar  o nicho de mercado como eu (das empolgadas), mas para as outras distâncias não foi logo, e mudaram o calendário, com a meia no sábado e a maratona domingo, com a criação do desafio cidade maravilhosa (correr as duas distâncias, coisa de doido Disney kkkk). Enfim, seria no feriado novamente, e eu acabei pensando no assunto porque na real Rio de Janeiro não é um destino barato em nenhum aspecto, e sendo no feriado, a gente acaba querendo ir com a família, é tudo tão legal, e aí todos os gastos são da mesma conta, né?
Pouco tempo depois já foi divulgada a nova meia de Floripa da O2, com maratona (k42 Floripa), meia e 7km recreativos, para a mesma data do Rio. É uma prova que eu adoro, não fui apenas em uma edição, já fui com chuva, já fui no dia mais frio do ano, com calor...e sempre é linda, até porque tem a melhor vista, a que é do continente, onde é a largada (em um dos anos não foi), e a gente corre na ponte, aquele negócio todo, não tem preço. Mas eu gostava da distância de 10km, correndo pela ponte também, fiz ótimos tempos. Substituíram as opções de 10km e 5km pela de 7km, e acrescentaram a maratona. Bem básico sqn 
Bom, repetir prova em casa é uma coisa, é hábito, repetir fora...tem que ser bem especial, e já ter corrido em outros lugares para valer o retorno. No caso do Rio, fiz em 2014, saí furiosa, e voltei em 2017 para outra prova de 21km, dentro da maratona, e foi uma decisão muito acertada. Ponderando que não tenho dinheiro para fazer todas as provas que tenho vontade no mundo, tenho que fazer escolhas, e escolhi Floripa, o que me permite, em tese, pensar em fazer outra prova fora durante o ano. O gasto é basicamente gasolina e a inscrição, e a família também pode ir.
Não sei se estrategicamente para as organizadoras foi uma boa ter duas maratonas e meia maratonas no mesmo final de semana, que ainda era um feriado. Claro que a maratona do Rio é um clássico, a maior prova, etc etc etc, o Rio é o máximo, blabla. Mas Floripa é Floripa, também tem seu valor (e que valor!!), e é destino de muitos corredores que buscam uma bela paisagem litorânea, dentro do Brasil, em um percurso mais de 80% plano. Tem ainda a vantagem do clima para os que não estão a fim de correr no calor, porque a chance no sul é sempre maior para o frio, em junho. E incluindo a maratona, passaram a ser concorrentes diretos. 
O que mudou  com o acréscimo de maratona? O número de inscritos, certamente. Vi muito mais gente do que nos outros anos, tanto na retirada de kit como na largada. A expo também. Agora sim, começamos a falar em expo em Floripa. No centro de eventos, um espaço enorme, com estacionamento. A gente entra e vê uma super fila, mas que anda rapidamente, com muitas pessoas para atender. Check in, depois pega o número e o kit, filas separadas, todas ágeis. Menos de dez minutos e está tudo na não. 
Sério, gente, acho que dá para competir com qualquer visual por aí, né não? gostei tanto da camiseta que usei na prova!

Eu tinha optado pelo nome na camiseta. Fui prática: fiquei na fila, que era para entregar a camiseta, eles te entregam uma senha, e depois você vai buscar. O que fiz? Fui assistir ao bate papo com a nutricionista e o psicólogo esportivo, super bem mediado por um corredor que sabe fazer as boas perguntas. Foi ótimo. No final, minha camiseta estava prontinha. Ah, muito legal, camisetas diferentes conforme a distância escolhida, este ano manga curta. Acho isso respeitoso e que valoriza o desafio que cada um foi buscar. A medalha também seguia isso. 
No lado de fora, trucks com comidinhas, eu não comi mas vi gente ali, até porque chegaram ônibus do Norte do país. Era gente de tudo quanto era lugar.
Ainda faltam stands mais expressivos, especialmente de suplementação e equipamentos, como a gente vê em provas grandes, mesmo no Brasil, mas tinha Saucony!!! Simmmmm!! Com os melhores vendedores, os da loja Korrer de Blumenau, então tinha Saucony e quem orientasse para a compra adequada.
Além de Saucony, os stands de sempre, com garrafinhas, algumas roupas, e nada barato. Um stand de bermudas de compressão um genérico da Vivian Bogus, que já tinha visto em outra prova, mas cuja qualidade eu não confiei, desculpa. O preço não era barato, e a parte de elástico na cintura deixava a desejar, apertado. Ainda tem chão pela frente. Na Track and field tem também bermuda de compressão, com dois bolsos, e embora eu prefira os mil bolsos da Bogus, a qualidade da track and field é excelente, tanto no tecido quanto durabilidade, e tem conforto na parte da cintura também com o mesmo cós largo, que hoje em dia acho básico para corredora (mas é a minha opinião).
O que valeu a pena para mim foi o Coolbelt,  case para celular que adoro, impermeável mesmo.
Ainda assim, já achei que estamos no caminho certo. No Rio, ano passado, tinha muita coisa, mas nem tudo com preço melhor, como no exterior, e pouca coisa exclusiva. Lá eu também personalizei a camiseta, pagando barato, e aqui, por ser assinante da revista O2, ficou de graça, optando na inscrição. 
O kit é meio miserável, o que na verdade segue as grandes provas, né não? Em major você paga uma fortuna pela oportunidade de correr, e tem inscrição que não direito nem a camiseta, que pode ser comprada à parte. Em Mallorca ano passado ganhei uma camisola gigante. Nós temos aqui o privilégio de babylook para as mulheres, e eu valorizo muito, porque os tamanhos masculinos nunca dão certo para mim. A camiseta desta prova é de ótima qualidade, bonita, com tamanho perfeito, no meu caso. Veio na sacola térmica, que é uma boa ideia, a sacola é grande e bonita, embora seja menos útil do que a boa e velha mochilinha para ter em quantidade, me entendem? Já ganhei uma na nigthrun de Belo Horizonte, e mais uma já está bom, podemos voltar aos modelos que na bike me ajudam mais. Veio também um manguito preto, achei melhor do que camiseta de manga comprida. Ficou grande, mas aqui isso não é problema. Ou ajusto ou vira do marido.
A semana  anterior à prova foi tensa, com a paralisação dos caminhoneiros e todo mundo com medo de não conseguir chegar, de dar problema, etc. Eu mesma estava bem preocupada em chegar a Floripa e à largada, e garanti com um taxista amigo do meu pai.
No final das contas, na sexta conseguimos ir (na verdade o nosso carro estava com o tanque quase cheio, usamos pouco mesmo), mas para garantir, mantive o motorista para o domingo. Ano passado eu quase infartei, vide post aqui  http://vidaeumacorrida.blogspot.com/2016/06/rapida-como-berlim-fria-como-ny-bonita.html, o aquecimento era eu correndo pelo estreito até a largada, no  frio de matar, tendo que entregar o kit do Mário, nossa, me dá até um enjoo lembrar. Ir de carro é meio roubada, e eu fui beeeem cedo este ano, saí da minha mãe, no centro, às 5h45min, noite absoluta, tendo a largada uma hora depois, bem mais cedo do que nos anos anteriores. Sem a preocupação de estacionar, deu tudo certo, banheiro, guarda-volumes, suplementação, aquecimento. Beleza.
Gente, que dia!!
Que prova!
Detalhe dos bolsos cheios: garrafinha, uma em cada, uma com água de coco e a outra com carbolift/palatinose, para eu só precisar de dois geis, esses nos bolsos embutidos da cintura do short, mais o celular no bolso traseiro. Nesse ponto já tinha baixado o manguito. Eu procuro tomar o gel próximo a um ponto de hidratação da prova, porque aí posso tomar a água oferecida, e deixar a embalagem vazia junto com os copos que já serão recolhidos pela organização da prova. Se não dá, fica no bolso até terminar a prova. Eu gosto de ter a minha hidratação porque sou péssima até hoje para tomar água no copo, me babo toda, respiro água, e perco tempo que eu considero precioso. E porque já me ferrei confiando na hidratação da organização. 

Sei que a maioria conseguiu fazer uma boa prova, ao menos próximo do que planejou. A temperatura estava perfeita, ficou entre 13 e 17 graus durante a meia maratona, com um sol gostoso que apareceu depois, um dia espetacular de céu azul, que dava vontade realmente de correr. 
Eu não sabia se faria a prova que sonhei, porque nas últimas semanas não tinha me sentido segura. Mas fiz dois treinos que me deixaram mais forte psicologicamente: um longo de 18km, e um de tiros que foi melhor do que imaginei. Fui para a prova para fazer o melhor, mas baixei a expectativa.
Mas era meu dia. Sem forçar demais, mantendo em geral um certo conforto, consegui manter para menos de 5' quase todos os km, só reduzindo velocidade na subida da ponte e dos elevados, de ida e volta. Tinha vento, e na volta estava fortinho em alguns trechos, mas eu tive um parceiro desconhecido que me puxou muito. 
Engraçado, porque eu não gosto de ter alguém conhecido para me puxar, em geral. Mesmo pedindo, na hora eu fico meio irritada, e acabo tendo dificuldade em acompanhar, em vez de me fortalecer ou desafiar, só sinto que a pessoa está mais rápido do que eu possa acompanhar, e não surte o efeito desejado. Mas quando é um desconhecido, parece que fico mais à vontade. 
E foi o que aconteceu. Eu percebi, pelo km 8, que um sujeito estava na minha cola, e como eu estava incrivelmente conseguindo manter ritmo, ele estava "me usando". Foi bom para me manter no ritmo. Nos perdemos entre o 9 e o 12, depois ele surgiu ao meu lado e dali em diante ele basicamente foi quem manteve o ritmo por muitos km para mim. Ele não reduzia, e no vento arrumava uma força desconhecida. 

Taí meu amigo Paulo. só descobri o nome dele nas fotos depois, obrigada!!

Eu estava muito feliz correndo, e sorri quase o tempo todo, só entre os 15km e 17km fiquei meio entendiada, e depois na subida da ponte para finalizar, que sempre me sinto cansada, e ali o meu coelho tinha sumido. Depois da descida da ponte ele se materializou novamente ao meu lado, e fomos juntos os últimos 3km, mantendo forte o ritmo. Depois de um km para 5'11, por causa da ponte, fiz 4'51, 4'56 e 4'49 os últimos, bom demais! Fiquei acompanhando para ver os 21km e quando olhei, estava nos meus sonhados 1h45 baixos, mas ainda tinha mais 280 metros, então terminei em 1h46'18, que ainda assim foi o meu melhor resultado (Mallorca fiz 1h46'45, com a metragem correta), e sem me sentir morrendo ao final, pelo contrário, com uma euforia imensa!
Primeiro comemorei, depois parei o tomtom, e depois de rir sozinha, chorei também, naquela descarga de adrenalina e alegria que só quem corre conhece.
 Desejo a todos uma chegada assim, e não como a dos caras atrás de mim...O melhor de tudo é que não vi o fotógrafo!


E continuar a sorrir, diferente do oriental ao meu lado hahahah. 

Graças ao meu caso de amor com Pegasus 34, terminei sem nenhuma bolha nos pés (claro que não fazer calor ajudou a não incharem) e com todas as unhas intactas, uhuuu! Nada como não chover nem ter morrebas. 
Eu tinha levado uns chips de batata doce, além do meu whey, e foi ótimo para que eu pudesse tomar a espumante com a Simone sem estar fraca nem desidratada hahahaha.
Foi daqueles dias em que a gente termina a prova esperando pela próxima, sabem? 
Ainda tive o privilégio de ver Simone Ponte Ferraz ganhando a maratona, com Cacá em segundo, coisa linda de se ver essas meninas correndo.
E aí vem o mai legal: só quero mais e melhor. Vamos em frente, treinando e dietando!!




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